terça-feira, 26 de outubro de 2010

O primeiro Vestibular

Este post é para aqueles estudantes que já estão prestando vestibular. Saibam como foi a experiência da secretária municipal de educação, Claudia Costin, quando ela teve que enfrentar a prova.

Confiram o artigo que ela escreveu sobre o tema para o jornal Estado de S. Paulo.


Claudia Costin
(Secretária Municipal de Educação)


A escolha do meu curso foi algo marcante e influenciou meu estado de espírito no dia de prestar o vestibular. Era, à época, apaixonada por duas coisas interligadas: a transformação da sociedade (que, na minha visão da época, deveria passar por uma revolução socialista) e a educação. Lia tudo sobre a área e decidira que este seria meu caminho profissional.

Mas, quando eu estava cursando o ensino médio, meu irmão faleceu num desastre de automóvel. Pedro iria ctu-sar Administração e meu pai ambicionava tê-lo como sucessor na empresa familiar. Pediu que me preparasse para seguir os passos do meu irmão.

Confiasa, mas sem querer entristecê-lo, pesquisei e descobri que a Fundação Getulio Vargas tinha um curso de Administração Pública. Ocorreu-me que, ao me formar na área, poderia ajudar na transformação do País, enquanto a revolução não vinha! Informei então meu pai que faria Administração na FGV, sem especificar a área.

Mesmo assim, fui fazer o vestibular com insegurança sobre minha escolha. Talvez por isso, apesar de ter me saído bem no primeiro dia de prova, cheguei em casa certa de que falhara.

Foi um alívio quando percebi que entrara em excelente colocação. O curso superou minhas expectativas. Vivíamos tempos de autoritarismo e muitos professores demitidos da USP foram lecionar na escola.

Tive mestres incríveis, graças aos quais me apaixonei pela gestão de políticas públicas. Tive acesso a bons estágios e acabei trabalhando com amodemi-zação da gestão pública em diversas áreas, sempre combinando atuação profissional com docência em boas universidades.

Foi assim que pude conhecer a reforma sanitária da década de 8o, a desafiadora realidade dos órgãos estatais de uma África recém-descolonizada, mas envolvida em guerras civis, a Administração Fazendá-ria numa situação de enfrenta-mento da hiperinflação, o processo de preparação da Constituição de 1988, a gestão de empresas estatais. Resolvi, neste meio tempo, fazer meu mestrado em Economia na FG V, onde também cursei o doutorado.

Com o passar do tempo, minha visão do processo de transformação social modificou-se e percebi que tinha condições de mudar as coisas com uma atuação, dentro da máquina pública, maior do que antecipara.
No setor público fui diretora do Departamento de Planejamento e Avaliação do então Ministério da Economia, o que me permitiu participar da preparação da Rio-92 (eu me transformei em militante da causa ambiental), secretária-adjunta de Previdência Complementar e chegueiaministradaAdmi-nistração.
Pude participi da formulação da reforma gerencial dos anos 1990. Depois fui convidada para ser gerente do Banco Mundial, em Washington, área de setor público no combate à pobreza, tema que atrai fortemente meu interesse. Ao voltar, atuei por dois anos como secretária da Cultura do Estado de São Paulo.

A vida dá muitas voltas. Vejo-me agora, após trabalhar com diferentes políticas públicas, como secretária da Educação do município do Rio de Janeiro. Assumir a gestão trouxe-me um certo sentido de destino. Finalmente volto ao que queria fazer antes de prestar vestibular - ajudar a mudar a sociedade, atuando com a educação oferecida a crianças e jovens.

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